sábado, 13 de março de 2010

O dia do Casamento

Já noutro continente, se escrevem as derradeiras linhas da longa viagem ao Oriente. Desta feita se apresenta o relato da ida ao casamento de um colega de trabalho.
Tudo começou com uma longa viagem de carro para fora de Bangalore.. em Channaptna, a 80km do hotel.
Ao chegar ao distinto espaço (na Europa é conhecido por "armazém") onde se realizava o 1º de 3 dias de festa, sentámo-nos para apreciar o evento...
Pavilhão multiusos

A simplicidade e o desenho minimalista eram conceitos presentes neste convidativo espaço, na medida em que o WC era reduzido a um buraco no chão. O conceito de caixote de lixo era inexistente, pelo que o Tiago teve de (foi convidado a) colocar o copo que trazia no chão, para simplificar vá.

Seguiu-se a cerimónia de entrega de presentes.. Aqui, eis que surge um momento inesperado, a pedra preciosa da noite: as pessoas estavam a alinhar-se num formato que se assemelhava a uma recta; ordeiramente e em linha, esperavam pela sua vez. Há relatos de quem chame isto "fila" indiana. Eu não lhe chamei nomes: limitei-me a apreciar o inédito da situação.
Descobri quase em cima do acontecimento que não se podia cumprimentar a noiva nem com um aperto de mão (só o noivo). Pergunto-me o que teria acontecido se o tivesse feito...
La famile

Por fim, hora do jantar.. E não é que por baixo do armazém havia uma linda cave... com o verdadeiro aspecto de uma cave? Aqui, na ala esquerda sentavam-se maioritariamente homens.. na ala direita, mulheres.
As mesas eram estreitas, pelo que só se sentavam pessoas de um dos lados. Mas eram compridas, com um toque do estilo artístico conhecido por 'presidiário'.
Imagem sacada da net de uma cantina prisional

As mesas eram cobertas de película aderente. Por cima destas, colocaram uma folha de bananeira e um copo de água. Este, servia para lavagem da folha a realizar pelo interessado.
Foi então que veio o jantar. Até à data, sabíamos da existência de comida vegetariana e não-vegetariana. Aqui viemos a descobrir uma terceira categoria. Um a um, em grandes potes, vieram chegando todo o tipo de papas, de diversas cores, texturas e odores. Os talheres nunca chegaram a aparecer.
Base onde repousava a "comida" (e que no meu caso, lá ficou a repousar)

O momento alto da n.. do jantar... foi o gelado (embalado), seguido da nossa saída do complexo. A limpeza das mesas, foi apenas levantar a película aderente para dentro de grandes sacos de lixo. muito prático realmente. No fim, fomos presenteados com um coco cada um.
O casamento iria continuar por mais 2 dias.. Ainda fomos convidados a ficar... mas a julgar pelo jantar.. receámos a pernoita. E o dia a seguir, era dia de trabalho!
Fomos bem recebidos, como sempre

O regresso realizou-se numa hippie van, lotação sobre-lotada, com pessoal ao colo e tudo. Nota: não estávamos ao colo de ninguém ou vice-versa.
Pois bem, foi das últimas aventuras passadas em solo indiano..  pelo menos as memórias que não foram apagadas... :)
Apesar de tudo, foi uma experiência positiva, pela novidade e pela aventura.

Fotos do dia, aqui.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Voltei!

E pronto, estou de volta ao meu tão amado país (especialmente agora, depois desta experiência).
Após uma viagem que se iniciou pelas 4:50 (hora de Bangalore, que corresponde as 23:20 de cá) e que só acabou pelas 20:30, hora de Portugal, praticamente saltámos de alegria ao pisar solo português.

Como correu a viagem? Bem... Deu para ler, ver filmes e series, ouvir musica, tentar dormir (tentar é mesmo a palavra porque o som de bebés a chorar ao pé de nós, de modo que dificultava essa tarefa). Outra coisa que dificultava a tarefa era o indiano que vinha sentado ao meu lado desde Bangalore (o Luís vinha na janela). O tipo não sabia estar quieto, e volta e meia la levava um encontrão. Isto para não falar que o gajo era espaçoso... cotovelos para o meu lado, pernas a passar para o meu espaço... enfim.
Chegados a Heathrow para a escala para Lisboa, reparámos que o voo de ligação estava um bocado atrasado. O atraso não nos incomodou muito ao inicio, mas foi crescendo de 30 minutos para 50, para 1 hora e tal... e acabou por resultar numa diferença de 2 horas e meia, quando comparada a hora prevista de chegada a Portugal com a hora real...

Mas pronto, ao menos já estou por cá, pronto a aproveitar melhor a realidade que é este país pequeno, cuja população é apenas o dobro da população de Bangalore!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

43º Dia - Os bifes contra-atacam

Ultimamente andamos a acordar com algo estranho, umas vezes é com camiões ou geradores a trabalhar nas obras durante a noite, ou uma musica irritante aos altos berros pelas 7 da manhã, ou mesmo um toque de telemóvel monofónico que deve servir de despertador para a vizinhança toda. Mas nestes últimos dias, foi algo mais... digamos que diferente... um gajo que se mete a rezar gritando a sua adorada oração no meio da rua, quem sabe, angariando mais seguidores! Algo que me parece improvável, porque a única coisa que dá vontade é atirar-lhe com fruta podre, baldes de água, ou mesmo o belo do espancamento por me ter acordado a horas impróprias...

No sábado tínhamos um plano muito simples: acordar, preparar o estômago, pegar nas coisas, apanhar um táxi, e por fim regalarmo-nos com mais um belo bife grelhado!
Desta vez, em vez do The only place decidimos experimentar outra sugestão que nos foi dada, desta vez por uma colega nossa indiana: o Millers 46.

Placa do restauranteO restaurante ainda deu alguma luta a encontrar, nem o motorista sabia onde era a coisa. Passado algum tempo, não havia dúvidas, tínhamos chegado ao destino!
Subimos as escadas e entramos num restaurante que, ainda que tivesse avisos que estava em remodelação, se apresentava com uma decoração bastante engraçada, dando ideia de um saloon mas com traços modernos.
SumosDesta vez resolvemos não pedir entradas, para garantir que conseguíamos comer o bife todo sem qualquer esforço. E de qualquer forma, o meu tinha umas sobremesas que até pareciam apelativas! Para além dos bifes, que eram os típicos da casa (com o nome de Chateaubriand 'Big Mama'), resolvemos pedir ainda dois sumos: um de lima, laranja e romã para mim, e outro de lima, laranja e ananás para o Luís. Os sumos eram muito bons, apesar de que para mim não estão ao nível dos que descobrimos recentemente no "Food Court" ao pé do trabalho.
Tentando agradar aos nossos leitores, vou tentar descrever com o melhor detalhe possível como foi a degustação dos bifes. BifeO bife apresentava-se com uma tonalidade invejável. Era um castanho que só se consegue ter num bife aquando grelhado na perfeição. O interior do bife estava ainda algo cor-de-rosa, resultante de não ser um bife bem passado. Contudo, não deixava sair líquido vermelho (sangue), pelo que não se perdia nenhuma propriedade ao cortar esta carne tenra. Por falar em tenra, ao mastigar esta carne macia, sentia-se na boca uma revolução de sabores que envolviam o sabor simples mas maravilhoso da carne, o sabor adquirido por ser uma carne grelhada e ainda um toque suave mas agradável dado pelas ervas aromáticas. Este bife apresentava-se, para o nosso enlevo, sem molhos. Os molhos eram sim opcionalmente servidos a parte, mas, para quê correr o risco de estragar o magnífico sabor da simplicidade?
Juntamente com o bife, o prato tinha algumas batatas fritas, e legumes cozidos.
Devo dizer que não achei tão bom como o bife anterior, talvez como sugerido pelo Luís, por não ser o primeiro que comemos por cá, mas mesmo assim estava brutalmente bom!

Após a refeição, era altura de dar uma volta pelas lojas para tentar fazer alguns negócios. Mas para tal precisávamos de nos deslocar para a zona comercial da cidade. Lá pedimos o sempre presente auto-riquexó, só que assim que dissemos para onde queríamos ir e inquirimos quanto ficaria a viagem, o condutor olhou em frente e, simpaticamente, arrancou sem dizer palavra alguma para tentar a sorte com uns turistas chineses que estavam uns metros a frente, deixando-os sem palavras... Contudo, rapidamente apareceu outro motorista que nos levou para o destino pretendido.
Desta vez com a ajuda de uma colega nossa para as compras, a diferença era notória, ainda que aparentemente as nossas técnicas de negociação sejam boas o suficiente, notámos que contrariamente às experiências anteriores, não insistiam (ou só tentavam uma vez) para nós comprarmos a loja toda. De notar que nem com um nativo, nos conseguimos livrar do vendedor de xadrez, que chegou mesmo a atravessar a estrada connosco na tentativa de vender o avanço tecnológico do tabuleiro de madeira com depósito para as peças "comidas".
Feitas as compras, resolvemos ir até um local que não parece pertencer a esta cidade. O jardim botânico de Lalbagh, um verdadeiro oásis, onde o chão não tem pó, não se vê lixo, e o som da cidade parecia ficar do lado de fora. Ali passámos uma hora, calmamente apreciando a vista e a serenidade do jardim.
Entrada do jardimPor do sol

Fotos do dia disponíveis no álbum do picasa.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Fotos!

... mais fotos do "Golden Triangle" aqui.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Taj Mahal

Prólogo
Estando nós 2 meses neste país tão diferente, seria de esperar uma visitinha a uma das 7 Wonders of the World. Pois bem... tudo começou com a compra de um pacote que incluía:
  • Nova Deli (Deli)
  • Agra (Uttar Pradesh)
  • Jaipur (Rajastão)
Este percurso é conhecido como a excursão Golden Triangle:

Ver mapa maior
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Nova Deli
Ida de avião até Nova Deli. No aeroporto apanhámos um táxi até ao Connaught Place. O smog na cidade era intenso; nevoeiro com cheiro a fumo. Aqui fomos até uma agência de turismo (governamental) onde adquirimos um pacote para a excursão de 3 dias. Com este pacote, contribuímos para a ajuda contra a pobreza na Índia, mais precisamente para a ajuda contra a pobreza na casa do empregado, já que ele simpaticamente "pediu" 4.5% para o seu bolso (para lhe pagar este extra, fomos ao ATM e apanhámos a maior molha da nossa vida; aqui as gotas de chuva parecem de um decilitro cada). A sua simpatia estava efectivamente patente; ofereceu-nos chá e tudo. As chávenas pareciam ser uma homenagem à monarquia dado que não eram lavadas desde então (e.g. tinham o seu pegador munido de sarro negro). Quando pedi um lenço para limpar os óculos, o outro empregado chamou alguém que pegou numa folha A4 e não, não ma deu logo assim à toa: primeiro teve o cuidado de a cortar ao meio.
Após a agênca, uma visita à Pizza Hut do sítio, para o repasto. Comemos uns deliciosos pães de alho e uma pizza de pepperoni... Como perdemos algum tempo na procura da Pizza Hut, tinhamos de nos despachar para ver alguns monumentos de Nova Deli, já que aqui anoitece às 18h. Assim, visitámos:


Nesta cidade, encontrámos outro tipo de riquexó: este puxado a pedais. À noite fomos para um hotel (ainda em Nova Deli) que poderia descrever numa palavra (espelunca) mas prefiro descrever em várias: a água para o banho era quase fria, o quarto nem era mau de todo, mas os lençóis pareciam barrados em sebo, já que aparentavam colar ao corpo aquando qualquer movimento, como que num casulo. À noite, ao pedir o jantar, os empregados mal sabiam inglês (exemplo: a resposta a qualquer pergunta nossa relativa ao butter chicken era, passo a citar: butter chicken). Ao jantar, a toalha de mesa parecia .... see for yourself.

Agra

Acordar as 5.30 para apanhar o novo condutor e ir até Agra. Auto-estrada fora, o nevoeiro era tão intenso que não se via um palmo em frente (viam-se dois). Encontrou-se riquexós brutalmente cheios de pessoas, um indiano a tentar vender fotos com um macaco (e o macaco a saltar para a nossa janela), quase todos os camiões a dizer "blow horn" (acho que isto dá para muitas piadas), entre muitos outros insólitos.  Em Agra, visitámos:
  • Taj Mahal
  • Forte de Agra
  • Fábrica de manufactura de mesas para café (entre outros) de mármore branco com pedras semi-preciosas (à imagem do Taj Mahal)
No Taj Mahal, fomos com um guia que parecia perceber da coisa.. Disse imensas curiosidades históricas. De forma engraçada, dizia também que os ingleses vieram para explorar a Índia..os portugueses vieram só para business. Bom.. uma tarefa difícil: descrever o Taj Mahal. Realmente tem argumentos para ser uma das 7 maravilhas do mundo. O mármore branco tem propriedades reflectoras, pelo que parece ter luz própria à noite ou em nevoeiro. Os desenhos de rosas e as escrituras do Corão a toda à volta não são pintados: são pedras preciosas cravadas no mármore. Milhares. Existe uma simetria entre cada uma das 4 faces do palácio. Cada uma das faces é verticalmente simétrica entre si. Existem peças únicas de mármore enormes e altamente esculpidas. Enfim.. muitas outras coisas que lhe conferem uma grandeza indescritível.


Jaipur

Em Jaipur, tudo começou no hotel: o desta noite era um pouco melhor. Já tinha uma aparência agradável.
Apesar de tudo, os colchões eram tão duros que mais valia dormir no chão. O jantar foi realmente muito fraco e realmente muito caro. De manhã fomos tomar o pequeno-almoço, acompanhado de uma banda sonora nativa (com dança e tudo - em troca de gorjeta):

banda sonora


De seguida, demos início ao percurso. Além de passearmos pela cidade cor de rosa, visitámos:
O guia era muito fraco. E era muito chato. Nada a ver com o de Agra. Para acabar o dia (e a excursão) demos uma volta de elefante (para a próxima damos de dromedário). Digamos que apesar dos movimentos, este transporte foi mais confortável que certos autocarros por nós já experimentados.



Epílogo


Apesar de toda a variedade, algo se pode constatar em comum: o Tata Indica é o carro que literalmente move a Índia. Mais de metade dos carros parecem ser este modelo.. Este é o taxi mais comum, e foi também o carro da nossa excursão.
Todos os guias nos pediam gorjeta, assim como o próprio condutor do Tata (que alegou que na Índia se dava 10% de gorjeta, mas que arranjámos forma de não lhe dar, após uma série de eventos). As entradas para os monumentos são muitas vezes 20 ou 100 vezes mais que as entradas para um indiano. O vendedor levou os seus 4.5% de comissão. Em cada dia da excursão éramos levados a locais de venda (provavelmente acordados com a agência). No hotel em Jaipur, começou a dar uma música na TV muito oportuna (ouvir pelo menos até ao refrão!!). Conclusãoos estrangeiros são explorados até ao tutano.
Parece que na religião Hindu, ao se adorar um determinado Deus, se fica em jejum durante um dia da semana. Ah, após contacto com tanto hinduismo, já sabemos que o Ganexa é filho da Parvati e do Shiva :).

Aqui estão as fotos destes dias:
Uma das coisas mais difíceis de encontrar na Índia são padrões. Aqui tudo é diferente de tudo, em todo o lado. A adjectivo 'estranho' não tem qualquer valor e sentido aqui, tendo em conta tanta variedade. É difícil descrever para quem não está cá toda esta miscelânea. Muito daquilo que tomamos como certo, aqui não faz sentido ou não se ouviu falar. Tudo passa a ser relativo. Este ditado não o poderia explicar melhor:
«Whatever true thing you can say about India, the opposite is also true».


De facto, é quando pomos de lado aquilo que tomamos como certo, que a aventura pode começar...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

29º Dia - Fomeeeee

O dia começou como tantos outros, nada parecia ser diferente... os pássaros berravam na rua muito antes da hora de despertar, o serviço de quartos colocava o pequeno-almoço na sala tão delicadamente como um canguru a andar em cima de tambores... Tudo como habitual!

Mas foi então que me lembrei que hoje era um dia especial, de repente as nuvens desapareceram e vi na estrada um caminho iluminado que levava para o centro da cidade... era o dia do BIFE.

Chegada a hora do almoço lá fomos nós a caminho do único lugar (The Only Place). A viagem pareceu-me a mim algo próxima da duração da viagem até este país acolhedor. Entrámos no restaurante e fomos invadidos por um aroma divino, algo que nem consigo encontrar palavras para descrever! Tínhamos encontrado comida! Sentámo-nos (com um sorriso de orelha a orelha), fizemos o pedido, e aguardámos impacientemente pelo manjar digno de um Rei... enquanto, pelo menos eu, salivava como um leão na savana quando avista a sua presa. Neste caso a presa seria um belo bife de vaca!

Pão de alho com queijoEis que chegou a primeira parte do nosso pedido, pão de alho com queijo derretido, estava uma coisa sem sabor, uma coisa simples, algo que agradava... pronto, magnifico! Aquelas entradas pareciam indicar que o que se seguia não ia desiludir!
Chegaram os pratos e pelo menos de aspecto mereciam ser erguidos aos céus e idolatrados como a salvação (ou seria apenas aos meus olhos? hummmm). A primeira garfada foi seguida de um sabor que não esperava encontrar por estas terras. Isto sim era comida, isto era tudo pelo que havíamos esperado neste mês que passou...

O belo do BIFE!

Acabado o almoço, e de pratos limpos, resolvemos ir para o museu industrial e tecnológico que tanto nos falaram. Tinham-nos avisado que eram precisas umas 5 horas para o ver, e nós tínhamos apenas 4 horas para o ver, ia ser apertado. Apanhámos o sempre de confiança auto-riquexó e lá fomos nós. A entrada do museu não desanimou, um jacto de guerra (não sei o modelo) enfeitava a entrada do jardim. Avião de guerraInfelizmente, o interior não era tão animador. Mas calma ai! Um filme em 3D sobre tartarugas? Devia ser brutal! Ou então não... uma historia de amor de duas tartarugas feitas a computador, com um filme que tinha paragens e falta de imagens por segundo (frames), resultaram numa experiência que... não quero voltar a repetir. Aparentemente para eles foi bom, porque resultou em gritos histéricos dos mais novos e reacções positivas dos mais velhos! Afinal é coisa para se ver em 3 horas (ou menos)!
Cá fora enquanto esperávamos pelo táxi, ainda fomos abordados várias vezes pelos (mesmos) homens dos auto-riquexós a tentarem dar-nos boleia para o hotel (mais de 20 quilómetros naquela máquina da morte? não obrigado!).

E pronto, resumindo o dia de hoje... BIFE :D

As fotos do dia de hoje já estão nos web álbuns do picasa.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Visita a Mysore e uma perseguição sem tréguas

Update: visita virtual ao palácio de Mysore

Mais uma excursão... mais uma viagem, uma nova exploração...


Ver mapa maior (Ponto K - hotel)

Tudo começou o relógio ainda não tinha tocado 6 vezes.
Mais uma falha de comunicação deu ao início ao dia: o condutor do táxi dirigia-se para o destino da excursão (Mysore) e não para o ponto de partida da excursão! Ainda bem que falámos a tempo... meia volta até ao outro lado da cidade (segredo: o mínimo de palavras para se dizer o que se quer).
A primeira impressão foi positiva.. o autocarro era de luxo... dentro dos parâmetros locais claro.. era realmente moderno.. tinha amortecedores vá..
A viagem começa... o A/C mandava aquela brisa gélida... estávamos no pólo norte... até que os reconfortantes raios de sol aparecem. Após alguns quilómetros de boa estrada percorridos.. quando nos preparávamos para adormecer... eis a banda sonora que nos foi presenteada, cujo excerto proponho ser escutado como música de fundo deste post:

download


A primeira paragem de relevo foi....religiosa.. adivinhem lá.... sim.. mais um templo hindu: o Sri Ranganatha Swamy.

À entrada deste templo, estava uma série de vendedores que mal apanham as suas presas.. se lançam e atacam em grupo. Assim,  andaram atrás da gente a tentar vender diversos artefactos entre os quais leques e elefantes talhados à mão, 5 minutos de pura perseguição.. como direi.. chata vá... Realmente, os locais estão mesmo interessados em que conheçamos a sua cultura. Aplicámos o plano de fuga até ao autocarro, ao que um deles, o mais persistente do grupo, nos escoltou até à entrada do mesmo, sempre a falar no dialecto local, em modo imploração. Sentamo-nos. Respiramos. Suspiramos de alívio no fundo do bus; é então que o Tiago olha pela janela do seu lado esquerdo.. lá estava ele.. a perpretar o seu ataque .. afincando as suas presas.. mas agora de outro ângulo... em linguagem gestual...agora em desvantagem... "aaaaaaaaaaaaaaaa".

Passámos por mais uns lugares... e fomos almoçar a um hotel onde recorremos aos toalhetes com álcool: após limpeza dos devidos talheres e prato... eis que o toalhete não engana... estes ganharam uma coloração amarela...

Partimos então para a próxima paragem.. que pensámos ser o palácio. Afinal não era. Ainda nos levaram a um Emporium... uma espécie de loja mas para estrangeiros.. (já agora.. muitas entradas têm preço especial para estrangeiro: às vezes 100 vezes o preço para indiano). Conhecendo bem o modelo de venda local, optámos ficar pelo autocarro.

Duas últimas paragens: Palácio de Mysore e Jardins Iluminados Brindavan. O palácio realmente valeu a viagem.. era enorme.. bem conservado.. interessante.. diversificado.. arquitecturalmente fascinante.. mas muito populado mesmo. Este é o palácio principal do marajá: o palácio de Bangalore é a residência de verão. Os jardins do palácio também não estavam nada mal.. Encontrarão estas e todas as outras fotografias aqui (obra do Tiago.. que após tanto sucesso nas fotos, foi interceptado por um rapaz que o congratulou pela sua imaginação e qualidade das fotografias tiradas - sim porque é muito comum aqui ficarem a olhar para as fotos / quererem aparecer nas fotos.. como poderão constatar).
Do interior do palácio não há fotos, pois eram proíbidas (a multa era 500INR...). Quando aos jardims iluminados, as impressões também foram positivas: um espaço largo e diverso, com muita luz, cor, repuxos e alguma arte. Os repuxos de água são alimentados pela própria barragem vizinha: a Krishna Raja Sagar. O jardim luminoso era ao mesmo tempo jardim do Hotel Royal Orchid. Nos labirintos deste jardim também se deram várias impiedosas perseguições, desta feita por vendedores de postais ("photo photo?" x 50).

Apesar do autocarro ser aceitável... o passar nas lombas era altamente doloroso.. visto que que estávamos sentados mesmo ao fundo... e o condutor acelerava logo após o passar das rodas dianteiras.. era como levar um soco no estômago por cada lomba... lembro-me de me agarrar ao banco da frente, suster a respiração e aguentar o almoço no mesmo lugar.. Após 5385 vendedores de postais e 32715 murros no estômago, o fim da viagem estava perto.. Estávamos K.O.

Ah é verdade..o tema mais badalado do blog.. andamos há semanas (parecem anos) a salivar por um restaurante onde consta haver bifes com batatas fritas.... Os rumores apontam para um local de nome: The Only Place. O nome não podia ser mais sugestivo. Está agendado para breve.. será um dia muito especial, pelo que haverá o antes e o depois, um verdadeiro feriado no calendário das nossas vidas..
Bife que esperamos vir a degustar no Sábado